A violência doméstica continua sendo um dos principais problema no Brasil e no mundo. Muitas mulheres encontram-se em situação de risco com os seus agressores, onde a maioria delas se quer conseguem enxergar a dimensão do perigo.

A violência psicológica e o processo de maniulação feito pelo agressor, dificultam a visão da vítima sobre os fatos, trazendo o sentimento de dependência e tornando cada vez mais difícil a percepção da vítima e o entendimento de que ela se encontra em um relacionamento abusivo.

Uma moradora contou com exclusividade ao NES como foi todo o seu processo de cura e liberdade, depois de ter sofrido inúmeras agressões e uma tentativa de assassinato.

Por questões de segurança, ela não será identificada.

” Tudo começou em 2005, no período escolar e eu tinha apenas 14 anos. Conheci o rapaz mais popular da escola, começamos a nos relacionar e tudo parecia perfeito. Ganhei flores, chocolates, ele me levou para conhecer a família dele e foi até a minha casa pedir a permissão da minha mãe para namorar comigo. Então tudo começou a partir dali, perdi minha virgindade com ele e com poucos meses de namoro eu quis ir morar junto. Minha mãe lutou com todas as forças pra tentar me impedir, mas não adiantou muito, eu estava decidida e assim fiz.

Fomos morar em cima da casa dos pais dele e então a minha vida começou a se transformar. O primeiro sinal foi um grito, depois um empurrão e então a partir dali a violência só piorou. Foram tapas, socos, puxões de cabelo e a proibição de mostrar as marcas a alguém. Depois de cada agressão ele sempre me pedia desculpas e prometia que ia mudar e que não iria acontecer de novo, mas as próximas agressões eram ainda piores.

Logo eu engravidei e mesmo assim era agredida, eu era arrastada pela casa. Nessa época, as agressões eram no rosto, braços e pernas, parecia que ele tinha um certo ” medo ” de me fazer perder o bebê.

Uma vez eu saí pra comprar um tanquinho de lavar roupas,  mas na loja não tinha para entregar de imediato e a entrega só seria feita três dias depois, por esse motivo apanhei muito, mas muito mesmo. Ele chegou a quebrar o nosso guarda-roupas todo só por isso.

Ele sempre me fazia acreditar que as agressões eram culpa minha porque eu ” não obedecia ele ”. Ele começou a regular o tempo que eu ia visiar minha mãe, então eles se desentenderam e ele me proibiu de ter qualquer tipo de contato com ela. Eu escondia as agressões dela.

Ele queimava minhas roupas, que eram pouquissimas porque eu comprava com minhas vendas de cachorro-quente, churrasco, revistas, etc. As vezes eu tentava evitar uma nova discussão, afinal, eu já sabia como iria terminar. Ele molhava a cama toda e dizia que não íamos dormír aquela noite, que iríamos brigar a noite toda.

Nunca tive coragem de denunciar, ele me falava que quando ele voltasse iria me matar de uma vez e que minha mãe teria que recolher meu corpo espalhado na calçada. Nisso, se passaram quase 7 anos. Foi quando tivemos uma discussão, corri para me esconder na casa de um parente dele e ele foi atrás de mim, mas não me achou. Ele foi na casa das irmãs dele e na casa da minha mãe com uma peixeira na mão. A irmã dele que sabia onde eu estava, foi até lá e me alertou que dessa vez ele queria me matar e me mandou chamar a polícia.

A dona da casa que eu estava foi atrás de uma viatura, foi então que eu fui pra caca, peguei alguns pertences, minha filha e dei um fim a isso tudo. Cheguei a sofrer algumas ameaças mas me mantive forte.

Eram muitas agressões e ele tinha o domínio total sobre as minhas ações. Cheguei a dar uma queixa mas não levei a diante por medo. Eu não acreditava que estava me libertando, ele me fez acreditar que ninguém mais iria se interessar por mim, que eu era feia e já tinha uma filha. Sofri demais e espero que consiga ajudar ou até mesmo encorajar outras mulheres a não passarem por algo assim.

E meu conselho é, não aceite nenhuma agressão e não se prenda por nenhum motivo. Denunciar é o primeiro passo, o agressor sabe quando ele já tem o domínio da situação, então nossa única chance de tentar reverter é procurando ajuda. Passei por muita coisa, mas venci !”.

O NES segue reforçando a ídeia de que, ao menor sinal de agressão não se cale, denuncie.

Contatos para denunciar;

DEAM – (71) 3116-7000

1° Vara de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher –  (71) 3328-1195

Núcleo Especializado da Mulher – (71) 3117-9179