A palavra superação resume perfeitamente a trajetória de vida de Marcelo Santos Silva, de 42 anos. Nascido e criado no bairro da Santa Cruz, Marcelo é filho de comerciantes. Seus pais, já falecidos deixaram como principal herança para os filhos, a máxima de que “somente através do trabalho e dos estudos é que poderia conquistar alguma coisa e ter o nosso espaço”.
Graduado em Medicina Veterinária, pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Marcelo seguia a vida sem maiores percalços. Pai de dois filhos e atuando na área de atendimento de animais silvestres e exóticos, gozava de certa estabilidade. Se não fosse um simples destalhe:
“Na correia do dia a dia (trabalho, estudos e família) quando eu percebi, que apesar de ter construído uma carreira, eu estava negligenciando o cuidado com o meu corpo, não na parte estética, mas a saúde. Tudo fruto da má alimentação, má qualidade do sono, sedentarismo…Fui fazer uma avaliação medica e descobri que com a obesidade (na época eu estava pesando 126Kg) eu estava com gordura no fígado e hipertensão. Eu, com filhos pequenos, tive um start que precisava dar uma virada de chave”, recorda o rapaz.
“Comecei com foco na alimentação comendo de maneira mais limpa e saudável. Sabia que era necessário para sair do sedentarismo a prática da atividade física. Iniciei com caminhadas curtas de 20 minutos. Nessa época não tinha condicionamento para correr nem 200 metros. Com o tempo o que era desconfortável passou a ser prazeroso e com a perda de peso gradativa comecei a me sentir mais leve e com melhor condicionamento para correr. Foram mais de 50 kg eliminados ao longo do processo. Entendi então que para eu ter um resultado precisava de uma constância, de disciplina. Além disso, a busca da saúde física também começou a ajudar também na minha saúde mental. Isso era dezembro de 2015”, completa.
Ainda de acordo com Marcelo, a disciplina e a construção de novos hábitos permitiram a sua evolução nos treinamentos.
“Percebendo que poderia evoluir ainda mais na corrida e ainda ter à volta pessoas com propósitos parecidos comecei a fazer parte do Grupo de Corrida Aquathlon Amaralina. Quem não corria 100 metros começou a correr 200 metros. Depois evolui para 1km. Em maio de 2016 fiz minha primeira prova especial de 6 km. A corrida de rua é uma crescente.”, relata.
Os resultados obtidos aguçaram no médico veterinário o espírito competitivo. Em 2016, resolveu então se aventurar na tradicional Maratona do Rio de Janeiro. Foi dada a largada.
“O start para mim para correr uma maratona de 42 km foi um ano depois que iniciei o processo. Treinar ainda sem orientação profissional o que acarretou em algumas lesões. Ainda assim consegui concluir, embora com muita dificuldade. A parti dali entendi que me encantei pelas longas distancias, mas para isso, precisaria fazer treinos mais específicos e com uma responsabilidade maior”.
“Em 2018 procurei auxílio de um professor que me passou uma planilha de treinamento. Participei então da minha segunda maratona, a Maratona Salvador. E não parei mais. A cada maratona ia evoluindo. A primeira fiz em seis horas, a segunda em três horas e cinquenta minutos”.
Desafio – Neste final de semana, Marcelo participou pela segunda vez do Desafio 4 Faróis – 100 km. A prova, uma das mais tradicionais e difíceis prova de atletismo da Bahia, contou com a participação de 50 ultramaratonistas, que partiram de Salvador com destino a Praia do Forte. E Marcelo, mais uma vez, mostra que é vencedor. Não apenas pelos resultados obtidos nas provas, mas sobretudo pela mudança de vida.
É através de aulas de condicionamento físico na praia de Amaralina, que Marcelo tenta transformar avida de outras pessoas, que assim como ele, buscam na atividade física o bem estar físico e mental.
Para aqueles que pretendem seguir os seus passos, o maratonista deixa um recado:
“Precisamos entender que a qualidade de vida está diretamente ligada à saúde. E a maneira mais de simples para ter saúde é selecionar nossa alimentação e cuidar do corpo praticando uma atividade que a gente se identifique. É necessário reconhecer que algo precisa mudar e que essa mudança ninguém pode fazer pela gente. É necessário tomar uma decisão, pois decisões definem destinos. E para isso a pessoa tem que entender que será desconfortável, pois vai tirar a gente da zona de conforto. Só assim para criar novos hábitos saudáveis e que ter ao lado pessoas que sejam exemplos para àquilo que desejamos nos ajudar a nos manter focados no propósito e conquistar os nossos objetivos. A nossa cidade com toda uma extensão da orla é um cenário perfeito para uma boa corrida”.
