Um remédio usado no tratamento de sarna, piolho e vermes – a ivermectina – sumiu das farmácias depois que passou a ser visto como tratamento milagroso para coronavírus.
O fácil acesso e o custo, cerca de R$ 14, levaram à automedicação, que também é usada, com restrições, em animais como cães, gatos, bovinos e equinos.
Especialistas alertam, no entanto, que o uso da ivermectina não tem eficácia comprovada para coronavírus, e pode ocasionar riscos à saúde de quem usá-lo indiscriminadamente.
A infectologista Paula Magalhães, adverte que o uso sem recomendação médica traz diversos riscos. Na bula do remédio, a diarreia, náusea, astenia, dor abdominal, anorexia, constipação e vômitos aparecem como reações adversas ao uso. Outros sintomas como tontura, sonolência, vertigem, tremor, prurido, erupções e urticária são destacados. Além das reações adversas, quem utiliza o remédio também pode sofrer com a interação medicamentosa com outras drogas.
A recomendação da coordenadora da Unidade de Cuidados Paliativos do Hospital Universitário Oswaldo Cruz é de que somente os pacientes que possuem prescrição façam uso da ivermectina. Paula alerta que, mesmo que um profissional de saúde decida recomendar o remédio para um paciente acometido com a Covid-19, um acompanhamento do tratamento precisará ser realizado pelo médico e responsável técnico do tratamento.
Sem a existência de um medicamento ou vacina para o tratamento do novo coronavírus, a recomendação para a prevenção da doença continua sendo o isolamento social. “Até que estudos comprovem a eficácia de alguma medicação, devemos preservar o distanciamento. O isolamento está agora em 50%, quando o ideal para que a curva da doença fosse achatada é de pelo menos 70%”, alerta Paula.