A operação policial ocorrida no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, na madrugada desta quinta-feira (21), e que resultou na morte de 18 pessoas, em sua grossa maioria jovens e negros, serve de alerta para nós, moradores do Complexo Nordeste de Amaralina. Historicamente esquecidas e marginalizadas pelo poder público, ambas as localidades têm em comum muito mais do que os aspectos meramente geográficos.
A desastrosa ação da polícia carioca, marcada pelo abuso de poder, invasão de domicílio e cárcere de moradores, não é algo estranho aos becos e vielas do Complexo Nordeste de Amaralina. As denúncias surgem na mesma velocidade em que se empilham os cadáveres. O extermínio da juventude negra e pobre não é intrínseca somente ao famoso conjunto de favelas do Rio de janeiro, composto pelas comunidades de Alvorada, Baiana, Casinhas, Esperança, Grota, Itararé, Matinha, Mineiros, Morro do Adeus, Morro do Alemão, Nova Brasília, Pedra do Sapo e Reservatório de Ramos.
Aqui no Nordeste de Amaralina, Vale das Pedrinhas, Chapada do Rio Vermelho e Santa Cruz também é comum ver mães chorando desesperadas e desamparadas sob os corpos ensangüentados dos seus filhos, duas vezes mortos pelas mãos do estado. A primeira morte acontece quando é negada a esses jovens a oportunidade. Já a segunda e derradeira, quando os mesmos são executados, pelas mãos da PM.
Há doze anos, mais precisamente no dia 21 de novembro de 2010, o menino Joel Conceição, de dez anos, teve sua vida ceifada durante uma ação da polícia na localidade da Olaria. Em 26 de março de 2021, foi a vez do garoto Ryan Andrew, cruelmente morto enquanto jogava futebol com amigos no Vale das Pedrinhas. Os casos têm em comum a dor e a impunidade. Como eles, muitos outros…
Não se engane: o Complexo do Alemão é aqui.
