Foi iniciada na manhã de hoje as aulas na rede estadual de ensino. Após o período de férias, o momento é de, com os ânimos renovados, voltar às aulas e se manter firme em busca dos seus objetivos. Afinal, o estudo é o mais nobre caminho para o sucesso. É através dele que aquele menino pobre e negro da periferia pode transpor as inúmeras barreiras impostas pela sociedade, sobretudo à do preconceito, e adquirir o status de “doutor”. Na região do Nordeste de Amaralina, e em torno, são seis unidades: Colégio Estadual Dionisio Cerqueira, Carlos Santana I e II, Manoel Devoto, Polivalente de Amaralina e Cupertino de Lacerda.
Camila Gabriele, 16 anos, aluno do terceiro ano do ensino médio do Colégio Polivalente de Amaralina estuda na unidade há três anos. Camila destacou que o primeiro dia foi o momento de conhecer novas pessoas e de rever os colegas dos anos anteriores. “Gostei bastante do primeiro dia de aula. Hoje teve um ensaio musical que foi muito divertido”, pontuou a jovem. Questionada sobre os problemas ocorridos no ano passado que ela não gostaria que se repetissem em 2018, Camila ressalta: “Acho que as greves do ano passado atrapalharam um pouco… Tem problemas também na estrutura da escola. Problemas na pintura e cadeiras quebradas. Ouvi dizer que, parece que esse ano teremos cadeiras novas”. A merenda fornecida na unidade também é motivo de reclamação: “A merenda tem que melhorar. Todo dia o lanche era o mesmo: suco com biscoito”. Mateus Costa, 16 anos, aluno do segundo ano, também do Polivalente, diz que no primeiro dia letivo a palavra que logo vem à sua cabeça é “motivação”. “Esse ano acredito que novos valores foram agregados. A impressão que tive é de uma escola mais acolhedora devido às palestras que foram apresentadas hoje”, explicou Mateus. Perguntado sobre quais seriam os contratempos encontrados na escola, Mateus afirma: “O que eu não gostaria mais de ver é a bagunça e o descompromisso da galera. Sobre a estrutura, ainda não deu para tirar conclusões, mas espero que melhore. Tem o problema da merenda que sempre foi precária. Nunca tínhamos muitas opções de lanche e ficava aquela coisa rotineira”. E qual sua expectativa para esse ano? Mateus responde: “A expectativa é de esperança. É a mesma coisa que acontece com o nosso país, que a gente espera que vá mudar. Temos que começar com a mudança”, ressaltou o antenado garoto.
CORPO DOCENTE – A diretora do Polivalente de Amaralina, Maria Conceição Ferreira, salienta que o objetivo para o ano de 2018, como não poderia ser diferente, é melhorar. Principalmente a qualidade do ensino. “Para isso tem que ter o compromisso e responsabilidade tanto do professor como do aluno. A família também precisa caminhar junto. Aqui temos jovens entre 15 e 22 anos de idade. São jovens que estão sendo preparados para o mercado de trabalho, para realização de outros cursos e que estão caminhando para faculdade”, pontua Conceição. Sobre a polêmica questão da merenda, tema de reclamação dos alunos, Conceição explica: “ Aqui temos uma comunidade muito carente financeiramente. Tem alunos que vêm de escolas de tempo integral, onde é oferecido almoço. Quando eles saem do ensino fundamental II para o ensino médio, onde só tem merenda, eles questionam. Por conta da carência financeira e o fato de não ter esse almoço em casa, muitos não vêm para o colégio na perspectiva de somente estudar, mas também pensando em o que comer. Aqui sai suco, biscoito doce ou salgado e, uma vez na semana, um almoço. A verba que recebemos é diferente das escolas de educação integral. A prioridade é que eles merendem todos os dias”.
Há quinze anos lecionando no Polivalente, a professora de Língua Portuguesa, Josiane Pereira, diz esperar um ano letivo tranquilo, onde os alunos cheguem dispostos ao trabalho. “Que venham com garra e vontade, de fato, para o estudo. Principalmente os alunos do terceiro ano que têm o Enem pela frente”, observa a docente. O comportamento dentro da sala de aula é outro aspecto enfatizado por Josiane: “O que nos incomoda, enquanto professores, é a postura dos alunos na sala de aula. Conversas paralelas, uso de celular…”. Sobre as condições de trabalho, a professora afirma: “Diante de outras unidades, temos uma escola bastante organizada. A atual gestão tem procurado fazer melhoras, então dentro do que é possível temos um bom espaço. Poderia ser melhor, obvio, mas tem nos atendido”.
O Nordesteusou deseja um ano letivo de muito sucesso para toda a comunidade escolar do complexo.