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Trabalho realizado nas Bases Comunitárias revela talentos em comunidades carentes

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Brenda Cruz, de 17 anos, moradora de Fazenda Coutos, queria se inscrever no curso de informática e se tornou cantora lírica. Natálie Souza, 17 anos, moradora de Itinga, buscou o teatro, sem nunca ter ido a um, para vencer a timidez. Tornou-se atriz e já é indicada a prêmio. Cleiton Conceição, de 20 anos, morador do Uruguai, queria aprender a se defender dos meninos que o agrediam na escola. Em dois anos já ganhou sete medalhas de ouro e se tornou uma grande promessa no Muay thai. Bruna Souza, de 20 anos, na época moradora do Vale das Pedrinhas, resolveu se inscrever em um concurso de beleza de forma despretensiosa e, além de ter sido a vencedora, hoje tem contrato internacional e mora em Londres.

Todos esses talentos foram descobertos nas Bases Comunitárias de Segurança (BCS) das comunidades onde eles moram. A estratégia do policiamento comunitário inovou as ações de prevenção, onde a proximidade com a comunidade passou a ser essencial no planejamento das Unidades Operacionais da PM. O trabalho social agregado ao policiamento preventivo usa a arte, o esporte e a educação como aliados fundamentais para a porta que leva a um novo rumo, longe do risco do envolvimento com a criminalidade. Sendo assim, o trabalho de prevenção primária foi direcionado com maior atenção para os jovens.

Os projetos sociais das BCS são geridos pelos próprios policiais militares integrantes e parceiros das comunidades, onde atuam em três eixos estruturantes nas áreas da educação, cultura-arte e esporte-saúde em mais de 20 projetos nas 19 BCS. “Os resultados têm sido incríveis, pois descobrimos verdadeiros talentos que precisavam apenas de uma oportunidade para trilhar novos rumos. Estamos muito felizes em poder participar de cada história de sucesso após oito anos de trabalho nas BCS”, revela a capitã Maria, Gestora de Projetos do Departamento de Polícia Comunitária e Direitos Humanos.

Mudança de vida

Brenda foi descoberta em 2012, quando buscou a Base Comunitária de Fazenda Coutos para se inscrever em um curso de informática para adquirir um espaço no mercado de trabalho. “Pensava que poderia conseguir conhecimentos básicos para ser, pelo menos, uma secretária”, lembra a jovem que está prestes a completar 18 anos. Mas o horário do curso chocava com a escola. O que parecia estar dando errado na verdade foi o pontapé inicial para uma mudança completa de vida, como ela mesma define.

Ao buscar outros cursos, Brenda descobriu o Projeto Primeiro Som, idealizado pelo soldado Henrique Agrellos – saxofonista e clarinetista -, voltado para as crianças e adolescentes das comunidades que recebem aulas de música gratuitamente. “Até então a música só estava em meus sonhos”, revelou a jovem, que chamou atenção pelo potencial vocal e logo encantou a todos.

Brenda, hoje cantora lírica profissional, vem alçando voos ainda mais altos do que podia imaginar. Após o primeiro contato através da BCS, ela fez parte do programa Neojibá durante seis anos, onde aprendeu muitas técnicas vocais e já ministra aulas de canto na própria BCS e em outros projetos sociais. Cursando o 3º ano do ensino médio, faz planos para estudar canto e seguir uma brilhante carreira. A menina que se encantava com o mundo lúdico da Barbie, não sabia que um dia provocaria arrepios e arrancaria aplausos ao soltar a voz.

Natálie só queria vencer a timidez e encontrou a chance através do curso de teatro na Base Comunitária de Itinga, em 2016. Há dois anos e meio nasceu uma atriz que só estava adormecida. “A arte me transformou completamente”, vibra a, nada tímida, jovem estrela que já reúne no currículo a participação em três peças e sonha em estudar artes cênicas e dar aulas em comunidades.

Professor de Natálie, o soldado Luide Prins, formado em artes cênicas, percebeu logo o talento e a levou pela primeira vez a um teatro para assistir uma peça. Ele é responsável por ministrar aulas de teatro gratuitas com o Projeto Vidas em Cena para jovens da comunidade de Itinga. “Apesar de jovem e de ter começado as aulas há tão pouco tempo, ela é uma profissional muito dedicada e inteligente”.

O resultado de tanta dedicação já tem uma colheita: ela foi indicada na categoria Atriz Revelação da 26ª edição do Prêmio Braskem de Teatro, maior premiação do teatro na Bahia, com o espetáculo “A Rede: Memórias Compartilhadas”, que tem a direção de Prins.

Cleiton chegou na BCS Uruguai em 2015 buscando um esporte para aprender a se defender de meninos que batiam nele na escola. Para defesa pessoal, Muay thai caiu bem como uma luva, mas o garoto sonhador não imaginava que estava prestes a se tornar uma grande promessa. “Ele se destacou logo porque era muito disciplinado nos treinos, apesar de ter chegando verde, tinha potencial e se esforçava”, contou o professor orgulhoso, soldado Wesley.

Resultado: em nove meses ele disputou o primeiro campeonato e ganhou a primeira medalha de ouro. Em dois anos foram sete, todas de ouro. “Eu sonhei vencer na vida, então, eu chegava da escola e ficava treinando tudo que tinha aprendido”, contou, determinado. Cleiton já concluiu o ensino médio e se prepara para prestar Enem. O curso escolhido será Educação Física.

“Ele é uma grande promessa, sempre demonstrou interesse em competir. Na primeira vez até achei cedo demais, mas ele estava determinado e insistiu”, lembra o professor. Daqui a 15 dias o heptacampeão baiano irá disputar a oitava edição do Qualify Combat, que vai acontecer no Hotel Sol Bahia, em Patamares. 

Com características físicas de modelo, Bruna até sonhava com a carreira, mas vencer o primeiro concurso “Garota BCS” que se inscreveu em 2015, representando a BCS Nordeste de Amaralina, já era uma grande vitória. O concurso é uma ação conjunta das Bases Comunitárias da Bahia com objetivo de valorizar a autoestima. Ela acreditava em seu sonho, mas não imaginava que o potencial a levaria para uma carreira internacional com contratos importantes e residência em Londres, na Inglaterra.

Bruna não pode conceder entrevista devido a um contrato de exclusividade de imagem firmado para os próximos meses. Mas, no último concurso, gravou um vídeo que foi transmitido durante a final, e emocionou todos os presentes estimulando as concorrentes a acreditarem em seus sonhos através do próprio exemplo.

“Realizar projetos sociais que beneficiem nossos jovens faz parte da nossa missão. Se eles estão mais vulneráveis às ações de violência, precisamos cuidar deles e lhes oferecer novas oportunidades de vida, pois são o nosso futuro”, completou a capitã Maria, orgulhosa com resultados que recompensam todo esforço.


Fonte: Ascom/ PMBA

Redação NES
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