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[Talento] Jovem do Nordeste de Amaralina estréia no time profissional do Vitória

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Se tornar um famoso jogador de futebol, adquirir fama, dinheiro e sucesso com mulherada. Esse é o sonho de quase que dez entre dez garotos. Se para os jovens mais abastados o que seduz é somente o glamour e a fama, para o garoto da periferia a possibilidade de ascender socialmente e mudar o curso de sua vida e de sua família é o fator principal. Esse é o sonho de quase que dez entre dez garotos oriundos da periferia. O caso de Hebert Cristian Ferreira Conceição, nascido e criado no Nordeste de Amaralina, não foge à regra.

Nascido em Salvador no dia 18 de fevereiro de 1998 e filho do auxiliar de serviços gerais Edmilson da Silva Conceição e da dona de casa Eliene Queiróz Ferreira, Hebert divide uma casa com a mãe, a irmã e namorada na rua Líbano. Ainda garoto arriscou seus primeiros chutes no campo do Vale das Pedrinhas. “Quando eu era pequeno e minha mãe pedia que fosse comprar o pão, eu sempre desviava o caminho para jogar bola. Preocupada com a demora ela ia me procurar e me achava no campo, sujo e sem o pão”, recorda. Foi lá na várzea que o futuro vestiu a camisa do seu primeiro clube, o Líbano. O nome do time, logicamente, homenageia a rua onde a maioria dos membros do time grupo foi criada.  Surgido há quatro anos, o Líbano foi fundado por Hebert e um grupo de amigos do bairro para a disputar o campeonato aberto do Vale das Pedrinhas. “No Líbano jogo por diversão. Estou entre amigos…É diferente do Vitória onde, além da paixão, tem a responsabilidade”, explica o craque que se espelha no volante espanhol do Barcelona, Sérgio Busquets. Rafael, mais conhecido como “Djá”, companheiro de time durante os tempos do “Chuteira Cansada”, que junto com Hebert foi campeão do campeonato do Vale das Pedrinhas em 2016, faz questão de elogiar o antigo parceiro dos tempos de várzea: “O pivete é brother… Um menino bom. Acompanho o futebol dele desde a infância. Ele ficava assistindo a galera mais velha jogar. Só que ele sempre foi um pivete promissor. A gente sempre soube que ele seria bom. Graças a Deus ele teve essa oportunidade no Vitória e vai assumir essa responsabilidade. Aqui na várzea ele é respeitado. É um cara bom, que prioriza a família. Estou torcendo por ele”.  

Em 2008, aos dez anos, motivado pelo pai, seu maior incentivador, o garoto se arriscou numa peneira realizada pelo Vitória, seu clube de coração. Fez o teste e foi aprovado. “Foi ali o começo de um sonho. Minha infância acabou sendo quase que toda no Vitória, seu time de coração. Estudava pela manhã no Alfredo Magalhães e à tarde ia treinar. Chegava em casa já para dormir”, conta o jovem. A adolescência foi dividida entre as tentações das festas e resenhas entre amigos com o compromisso profissional. Ledo engano daqueles que pensam que isso foi dificuldade para o garoto. A paixão pelo futebol e o foco nos objetivos fizeram com que o jovem atleta tirasse tudo isso de letra: “Desde o início eu sabia que iria perder muitas coisas, tipo: aniversários de família, natal, ano novo, São João… Mas nunca me importei, pois minha paixão sempre foi o futebol”. Sobre as dificuldades do início de carreira, Dona Eliene, mãe de Hebert, dá o seguinte testemunho: “Hebert tinha que acordar cedo todos os dias sem ter hora para ir dormir. Estudava pela manhã e depois íamos eu ele e a irmã para o Barradão. Sem contar que tinha que sair daqui às 11h e tinha que chegar lá às 14h, sem horário certo para sair. Muitas das vezes agente chegava em casa, mas de 21h. Foi assim de domingo a domingo durante anos. Eu ele e Ana Isaura, a irmã dele, que passou a infância toda indo para o Barradão todos os dias”.

NORDESTE – O bairro onde nasceu e cresceu é um capítulo à parte na vida da jovem promessa do rubro-negro baiano. É no Nordeste que ele volta a ser o menino que cresceu nos “babas” do Vale e do Areal. “Para mim nada mudou. Continuo, sempre que posso, jogando nos campeonatos daqui. Frequento todos os lugares aqui do bairro. Para mim nada mudou. Sempre com os velhos amigos de infância. Frequento todas as festas aqui do bairro, quando possível”, afirma o garoto que é fã da banda A convivência diária com os moradores do bairro despertou, segundo Hebert, um forte e importante traço em sua formação: a humildade.

Uma frase da canção “Clareou”, de Xande de Pilares, é destacada pelo jovem craque que a define como de importante valia na sua trajetória: “A vida é pra quem sabe viver / Procure aprender a arte / Pra quando apanhar não se abater / Ganhar e perder faz parte”, cantarola o craque.  Seu grande sonho? “Além de ajudar minha família meu grande sonho é chegar a seleção brasileira”. Alguém duvida? Voa, garoto!

Tiago Queiroz
Tiago Queiroz
Graduado em Comunicação/Jornalismo, e exerce as funções de Editor e Coordenador de Jornalismo do Portal NORDESTeuSOU

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