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Quase 40% dos casos de leptospirose em Salvador foram registrados no Outono

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Por Correio 24 Horas

O risco trazido pela chuva que cai no outono não é só para quem mora em áreas de risco, como as encostas. Neste período de Outono, os casos de leptospirose aumentam consideravelmente na Bahia e em Salvador, se comparado aos demais períodos do ano.

Esse é o tema de um estudo do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ICS/Ufba). Pesquisadores vêm, desde 2017, investigando os riscos de contrair a doenças em bairros da capital que são mais atingidos por alagamentos, enchentes e outros fenômenos causados pelas fortes chuvas do Outono.

Na primeira fase da pesquisa do ISC, os bairros visitados foram Marechal Rondon, Alto do Cabrito, Rio Sena e Nova Constituinte, no Subúrbio Ferroviário. Os dados coletados apontam, por exemplo, que as famílias com renda mais baixa estão mais expostas à infecção. O número de casos, confirmados através de testes sorológicos, foi 63% menor nos domicílios que receberam, ao menos, um salário mínimo em relação aos sem renda.

“Entre os moradores pesquisados, 84% apontaram o esgoto a céu aberto como principal determinante de risco objetivo”, afirmou o pesquisador Hussein Khalil.

Ao mesmo tempo, apenas 27% consideraram que ações como coleta de lixo e atuação do Centro de Controle de Zoonoses, são importantes para o controle da doença. Para os demais, 73%, são as ações individuais ou comunitárias que ajudam a reduzir esse risco.

O CORREIO levantou os dados de internamento em razão da doença registrados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de 2008 a 2018, no estado e na capital baiana. Há um aumento considerável dos casos nos meses de Outono, entre março e junho.

Entre 2008 e 2018, no Outono, Salvador teve 297 internamentos por sintomas da leptospirose – 62% dos casos na Bahia no período. No total de 10 anos, foram 757 casos na capital. Comparado ao restante do ano, nos últimos dez anos, 40,13% dos casos de leptospirose na Bahia aconteceram no Outono. Foram 1.191 casos no total – 478 de março a junho.

A proporção é igualmente alta quando comparados os números da Bahia com os da capital baiana. Em Salvador, durante 10 anos, foram 757 casos de leptospirose que levaram à internação da população em hospitais ligados ao SUS. Esse total corresponde a 63,56% das ocorrências de todo o estado no mesmo período.

Já na comparação dos registros da capital, dos casos registrados em 10 anos, 39,23% ocorreram ao longo dos meses de outono, quando são cai maior volume de chuva na cidade. Isso quer dizer, seguindo o que afirmam os pesquisadores do ISC/Ufba, que é possível pesquisar a relação entre as chuvas e o aumento dos casos de leptospirose na Bahia e em Salvador entre março e junho, meses de outono.

Sintomas e tratamento
A leptospirose se manifesta a partir de sintomas como febre, dores no corpo, dor de cabeça, que podem ser facilmente confudidos com o início de uma gripe. Isso faz com que, muitas vezes, a doença não seja diagnosticada no início, o que representa um fator de risco.

Causada por uma bactéria chamada Leptospira, a leptospirose é uma doença infecciosa, que, em até 40% dos casos pode ser fatal. O paciente diagnosticado precisa de cuidados médicos específicos e, a depender da gravidade, de internamento hospitalar.

A doença é, geralmente, associada aos ratos. Mas, a transmissão da leptospirose pode ocorrer não apenas por contato direto ou indireto com a urina dos roedores, mas também com a de outros animais, como bois, porcos, cavalos, cabras e até cães.

No período de chuvas, a urina contaminada mistura-se nos esgotos e ruas das cidades e até uma poça de água pode ser um foco de infecção. Desta forma, qualquer pessoa que tiver contato com a água ou lama pode infectar-se, basta o contato com a pele ou a ingestão da água contaminada. 

No entanto, não é preciso ter pânico. A leptospirose pode ser tratada por de antibióticos, hidratação e outras medidas adotadas de acordo com os sintomas. Os casos leves são acompanhados em consultório, enquanto os graves levam à internação hospitalar.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), a vacina atualmente disponível não possui alto poder de proteção e a imunidade é de curta duração. Assim, a prevenção da leptospirose deve ser feita por meio de saneamento básico, além de cuidados de higiene pessoal e no preparo de alimentos.

*Com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier

Redação NES
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