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[Do crack à glória] “Era como um zumbi, hoje eu sou um milagre”.

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Fernando dos Santos Felicíssimo, 42 anos, mais conhecido como Boca viveu mais de 23 anos aprisionado no mundo das drogas, sem expectativa de mudanças, sem norte em sua vida, sem apoio familiar, mas uma virada aconteceu e sua vida foi transformada: “Eu era um viciado, andava nas ruas de madrugada como um zumbi, hoje eu sou um milagre”.

Fernando veio morar na Santa Cruz com 10 anos e conta que aos 12 começou a fumar com o cachimbo da tia. “Minha mãe me deixava muito preso. Quando tive a oportunidade passei a fumar maconha. O tempo foi passando e alguns amigos começaram a me oferecer outras coisas, e disseram para fumar maconha com pedra. Foi aí que eu comecei a me acabar. Ninguém queria papo comigo, meus amigos sumiram, os mesmos que me ofereciam drogas desapareceram quando eu me tornei um viciado. Eu só andava fedendo, ninguém queria se aproximar de mim.  As pessoas não gostavam de mim, a minha própria família me chamava de sacizeiro”, lembra.

Para Fernando foi uma época muito difícil pois ele não tinha apoio e ninguém dava oportunidade a ele. Mas, ainda assim, ele conta que em uma certa ocasião uma vizinha pediu para ele ir na lotérica fazer um depósito, e muitos a questionaram como poderia confiar em alguém que era viciado em drogas, pois achavam que ele ia gastar o dinheiro para saciar o seu vício. A atitude da vizinha deixou Fernando lisonjeado com o voto de confiança, que fez o depósito conforme ela pediu, e voltou com o comprovante. A senhora ficou tão alegre com esse gesto, e proferiu palavras de ânimo para ele, que ficou emocionado, pois após tanto tempo alguém o enxergou como pessoa.

Questionado sobre furtos para o sustento da sua dependência, ele disse que já foi roubar uma vez mas percebeu que não era da indole dele fazer isso e que preferia trabalhar, ou até mesmo pedir dinheiro aos outros para alimentar seu vício.
De acordo com ele as situações para viciados não são fáceis. Ele já ficou devendo drogas e por diversas vezes apanhou por isso. Já foi ameaçado de morte, mas agradece porque Jesus chegou primeiro.

Segundo Fernando havia uma tia que acreditava na recuperação dele, e não o desprezou neste período de fraqueza. “Minha tia chamada Maria Domingas sempre me beijava onde me via. Uma vez ela estava com um grupo de amigos daí fui falar com ela, então começaram os comentários pois eu não estava bem vestido, nem perfumado. Mas ela me defendeu e disse que um dia ainda ia me ver liberto”, conta com lágrimas nos olhos.

“O que mais me magoava era quando via minha mãe chorar. Quando eu voltava para casa todo quebrado ela implorava para que eu saísse dessa vida. Da última vez que me ameaçaram de morte eu me decidi. Minha mãe não aguentava mais, e eu tinha medo de perdê-la, porque ela teve uma vida muito dura e um filho nas drogas estava matando ela aos poucos. Foi então que meu primo Maurício me convidou para ir à igreja e eu decidi que era a hora de deixar Jesus mudar o rumo da minha vida. Pedi ajuda a minha tia Iraci e ela me mandou para um centro de recuperação onde passei 9 meses”.

Ele conta que depois desses meses se tratando, voltou para casa liberto. As drogas já não o atraíam mais, os amigos voltaram oferecendo mais entorpecentes a ele, porém ele foi firme em sua decisão de deixar o vício no passado.
Mas o sofrimento de Fernando não parou por aí. Logo quando voltou do centro uma pessoa o acompanhou para fazer alguns exames e foi diagnosticado com HIV. Essa mesma pessoa espalhou para todos do bairro que Fernando estava contaminado. “Isso acabou comigo. Achei que ia voltar para o crack, achei que não ia conseguir suportar. As pessoas voltaram a me desprezar, me olhavam como se eu fosse um leproso, tinham nojo de mim. Voltei a viver a mesma situação, mas em circunstâncias diferentes. Fui à igreja e uma pessoa me disse que era para eu procurar uma segunda opinião médica, pois o que Jesus faz é perfeito e aquele que começou a boa obra é fiel. Então eu repeti os exames e o médico disse que eu nunca tive HIV, que eu estava limpo. Após esse dia eu só agradeço, porque Deus me libertou. Muitos pensam que não vão conseguir abandonar seus vícios, mas quando decidimos mudar e entregamos nossos caminhos ao Senhor, Ele muda o quadro e o que era torto Ele põe no lugar. Hoje após 5 anos de evangelho, posso dizer que eu sou livre porque Ele levou sobre si as minhas dores e enfermidades, o castigo que me trouxe paz estava sobre ele e pelas suas pisaduras eu fui sarado”, encerrou Fernando.

Redação NES
Redação NES
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