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Prevenção na quebrada: grupo de moradores se organiza para notificar casos de Covid-19 no Nordeste de Amaralina

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Um grupo de moradores está se organizando para notificar casos suspeitos da Covid-19 no complexo do Nordeste de Amaralina e ajudar o sistema público de saúde a identificar essas pessoas e adotar as medidas de prevenção, como o isolamento e outros cuidados.

O morador que entrar em contato não precisa se identificar, e o grupo promete sigilo. Além de auxiliar os órgãos de saúde, a ideia é mapear as principais localidades onde há casos de Covid-19, levando em conta que o vírus se dissemina rapidamente.

Uma das pessoas que está à frente do grupo é Fabiana Palma, 29, doutoranda em Saúde Coletiva pelo Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia. Ela alerta para a importância de se identificar as pessoas contaminadas pelo vírus.

“Um elemento que é importante a gente considerar é que a gente tem visto estudos que relatam que cerca de 80% dos casos, que, em geral, são assintomáticos, não têm sido identificados, e esses casos estão contaminando outras pessoas”, disse.

Quando recebe a informação de um morador que esteja com os sintomas da Covid-19, o grupo coleta o bairro e a rua da pessoa, para depois encaminhar às unidades de saúde locais. A equipe também tenta uma articulação com a prefeitura. A ação começou no último fim de semana e, até o momento, já notificou quatro casos suspeitos.

“A gente vai enviar [os casos] para o distrito sanitário, para a Secretaria Municipal de Saúde e para uma unidade de saúde local”, disse Fabiana Palma.

Ela demonstra preocupação com a disseminação do novo coronavírus nas comunidades, porque, segundo ela, as informações sobre as ações do combate à doença não estão chegando para os moradores desses locais.

“A gente vive dentro de favelas, em comunidades populares, uma realidade em que a gente, vivendo a experiência da Covid-19, a gente está vendo que as medidas de comunicação, de educação e saúde não têm chegado, não têm acessado essas pessoas. A ideia é ver de que maneira a gente faz as pessoas entenderem que é um problema grave”, disse.

Fabiana Palma, doutoranda em Saúde Coletiva em Salvador — Foto: Arquivo pessoal

“Não tem havido nenhuma preocupação para se fazer uma ação mais próxima das pessoas que vivem nessas áreas, que têm toda questão social, cultural. Essas ações não têm chegado, e a gente precisa se organizar para fazer algo urgente, porque, infelizmente, como acontece com outros tipos de doença, essa população é a que mais sofre com essas doenças”.

Para Fabiana, a solução para esse problema é abrir um canal de comunicação direto com a comunidade.

“As ações de prevenção de saúde vêm de forma muito verticalizada e não têm a participação da sociedade e da comunidade. Muitas vezes, a gente vê folhetins, vídeos, informativos, em uma linguagem que não comunica. Isso acontece por uma série de questões sociais, fruto de desigualdades que a gente vive no Brasil e em Salvador”, disse.

“A gente precisa abrir o veículo para que esse gestor, para que esses profissionais que elaboram essas políticas e ações tenham contato com a comunidade e possam construir junto com a gente”, afirmou.

Por G1 Bahia

Redação NES
Redação NES
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