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[Coluna NES] – Ditadura Militar por Manoel Neto

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Eu tinha 10 anos de idade quando em 1964 ocorreu o Golpe Militar que submergiu o país nas trevas da intolerância, do arbítrio, do obscurantismo mais tenebroso.
Lembro, com alguma nitidez, do terror e do pânico das pessoas, assustadas e inseguras, escondendo livros ou indícios quaisquer de comprometimento com ideias liberais ou de esquerda, vade retro!

A queda de João Goulart significava naquele momento não só a ruptura da ordem constitucional, como também, a ascensão das forças reacionárias ao Poder. Militares e setores ultra conservadores e direitistas da sociedade civil punham abaixo o governante e o governo, os quais julgavam “perigoso conluio de comunistas”, horripilantes seres a ameaçar a Pátria, Deus, a Família e a Propriedade Privada!
Os cárceres logo se apinharam de pessoas detidas com violência, a revelia da lei, sem culpa formada, algumas mesmo vítimas de vil delator movido por desídia ou inimizade pessoal.

Os espancamentos de prisioneiros tornaram-se rotina. Mais tudo isso era o prólogo de outras páginas a serem escritas com sangue,” inventário de cicatrizes”, como escreveria mais tarde o poeta Alex Polari Alverga, ele próprio encarcerado pelos golpistas e seus paus mandados.

O Ato Institucional nº 5, o inolvidável AI5, aprofundou a imensa cratera que nos separava das liberdades mais elementares, mais indispensáveis a vida humana digna e respeitável. Era o Brasil do “ame-o ou deixe-o”, do exílio de intelectuais, artistas, cientistas, estudantes, enfim, dos democratas que se opunham a Ditadura. Era O Brasil dos “desparecidos”, das torturas como prática rotineira nas cadeias onde presos políticos, homens e mulheres, eram submetidos a sevícias de toda ordem.
Alguns anos passados, já idoso, pai de filhos e avô de netos, assisti estarrecido um deputado/militar da reserva, homenagear a memória de um torturador sanguinário e impiedoso, o coronel do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra, oficial seguida e repetidamente identificado por suas vítimas – as que lograram sobreviver – e que acobertado pelas forças que o autorizaram a praticar as barbaridades cometidas por ele com exemplar dedicação, jamais pagou pelos seus crimes imprescritíveis e humanamente inaceitáveis.

Pois bem, esse deputado era o Sr. Jair Bolsonaro, hoje líder das pesquisas na eleição para Presidente da República!
Esse parlamentar até pouco tempo obscuro e omisso, medíocre, poderá vir a presidir o país. ancorado num discurso onde exprime uma violência primária e hidrófoba com seus cãezinhos amestrados, seus filhotes e milhares de seguidores como que tomados por um transe que os faz relevar os mais comezinhos sentimentos de solidariedade, respeito e tolerância, sentimentos inegociáveis para a convivência cortez e civilizada entre os convergentes e discordantes, pois assim é formada a humanidade.
Ainda que não sejamos vitoriosos no próximo dia 28, devo dizer que não nos curvaremos, não seremos vitimas obsequiosas deste projeto fascista que nos põe em alerta, pois como bem diz o Hino a Dois de Julho, “nunca mais o despotismo regerá nossas ações”. De pé e a luta companheiros!

Colunista Manoel Neto – Historiador e membro do centro de estudos Euclides da Cunha da UNEB | Morador do Nordeste de Amaralina.

Redação NES
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